Rio de Janeiro – Por décadas, uma ala de céticos teve sua voz no debate sobre as mudanças climáticas, virando-lhes as costas. Hoje é claro, notório e quantificável quanto o aquecimento global tem arrastado o planeta a extremos nunca antes observados. Realizada na Escócia, a COP26, conferência da ONU que pôs à mesma mesa (ou tela) líderes do mundo todo, resultou em um acordo entre países para a redução gradativa do uso de combustíveis fósseis. O objetivo é frear as emissões dos nocivos gases de efeito estufa, responsáveis por detonar a camada de ozônio, semeando o terreno para desastres naturais.
Grandes cidades estão tomando o rumo de uma vida mais sustentável — e o Rio embarcou na incontornável onda. Uma das iniciativas prestes a deslanchar é uma Bolsa de Valores Verde, que vai negociar títulos financeiros diferentes dos usuais, os chamados créditos de carbono.
Na prática, o negócio funciona de modo semelhante a uma bolsa tradicional — o que muda é o que está em jogo. A cada tonelada de dióxido de carbono (CO2) não emitida, um crédito é gerado, e pode ser comercializado no mercado regulado ou voluntário de carbono — esse último onde se encaixa a Bolsa Verde carioca. Dessa forma, empresas que implementam processos com baixa ou nenhuma emissão de carbono — como medidas de reflorestamento, de reciclagem de resíduos ou o emprego de energias renováveis — podem acumular créditos, que passam pelo registro da Verra, uma fundação global reguladora dos créditos voluntários de carbono.
Isso vale dinheiro e pode ser comercializado com pessoas físicas, instituições ou mesmo países. É justamente aí que começam as negociações dos créditos de carbono, conceito estabelecido a partir do Protocolo de Kyoto, acordo internacional selado em 1997, como uma forma de as nações compensarem seu despejo de poluentes na atmosfera.